Presidente da Câmara dos Deputados faz acordo com os planos de saúde para suspender cancelamentos

Acordo com a Unimed e Amil foi firmado antes da instalação da CPI 

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, anunciou ontem 28/5, um acordo com as operadoras dos planos de saúde para suspender os cancelamentos realizados recentemente com relação a algumas doenças e transtornos.  

Desde o mês passado, uma série de reportagens foram divulgadas sobre situações diversas de pacientes que tiveram o seu plano de saúde cancelados de maneira inesperada ou que receberam uma simples mensagem informando que o plano seria cancelado. Entre tantos relatos divulgados, ganhou repercussão o caso de uma idosa de 102 anos que recebeu o comunicado da administradora Qualicorp de que a Unimed estaria rescindindo o seu contrato.  

Após a grande quantidade de notícias que circularam nesse sentido envolvendo pacientes idosos, pessoas com doenças específicas, além de crianças com Transtorno do Espectro Altista, o deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RH), passou a colher assinaturas para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para investigar a atuação das operadoras de plano de saúde e a regulamentação feita pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Até ontem, em entrevista concedida para a revista Veja, o deputado informou que já contava com 275 assinaturas. O pedido da CPI segue pelo parlamentar, apesar do acordo realizado por Arthur Lira. 

Segundo informações divulgadas pelo Procon em abril, o número de reclamações registradas subiu 46%, sendo que entre 2022 e 2024 as queixas subiram de 1.652 para 2.416 entre janeiro e fevereiro.  

Para o advogado Stefano Ribeiro Ferri, especialista em Direito do Consumidor e Saúde, o anúncio de que as operadoras de saúde realizaram acordo para suspender os cancelamentos unilaterais corrobora o fato de que estavam adotando uma prática abusiva.  

“Ainda que a lei permita o cancelamento unilateral de contratos coletivos, mediante notificação prévia, o STJ firmou entendimento de que, quando o beneficiário está internado ou em tratamento, esses contratos devem ser mantidos, desde que o consumidor esteja em dia com as mensalidades”, explica o advogado.  

A respeito do acordo firmado pelo deputado, a advogada Nycolle Araújo Soares, especialista em  Direito Médico, Ética e Compliance na Saúde, considera que: “O movimento de intermediação por parte do Poder Legislativo é importante,  pois a conduta das operadoras de saúde, ainda que surpreendente para os beneficiários está amparada por lei. A discussão sobre como deve ser a relação entre os beneficiários e a operadora de saúde, precisa ser atividade legislativa que deverá restabelecer o equilíbrio entre os interesses das partes”.  

Para a advogada, tendo em vista o  aumento perceptível nas demandas judiciais, a intermediação do Legislativo é relevante para que essa questão seja resolvida antes mesmo de se tornar também uma problemática no judiciário, ressalta Nycolle.  

Fontes:  

Nycolle Araújo Soares – Advogada. Sócia e CEO do Lara Martins Advogados. Pós-Graduada em Direito Civil e Processo Civil. MBA em Direito Médico e Proteção Jurídica Aplicada à Saúde. Especialista em Ética e Compliance na Saúde pelo Einstein. 

Stefano Ribeiro Ferri – Especialista em Direito do Consumidor e Saúde, Assessor da 6ªTurma do Tribunal de Ética da OAB/SP, Membro da comissão de Direito Civil da OAB –Campinas. Formado em direito pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). 

Esta gostando do conteúdo? Compartilhe!

Abrir WhatsApp
Precisando de ajuda?
Olá, como podemos ajudar?