A prática corriqueira em estabelecimentos farmacêuticos e outros comércios de solicitar o Cadastro de Pessoa Física (CPF) dos consumidores em troca de descontos tem gerado discussões acerca de sua legalidade e implicações para a proteção de dados. Segundo Stéfano Ferri, especialista em direito do consumidor, embora a coleta do dado não seja intrinsecamente ilegal, torna-se imperativo que as empresas ajam com transparência, informando de maneira inequívoca a finalidade da solicitação e obtendo o consentimento claro dos clientes.
Em um contexto econômico marcado pela inflação, a oferta de descontos pode exercer pressão sobre os consumidores, levando-os a fornecer o CPF sem a devida compreensão dos potenciais riscos associados. A utilização indevida ou o vazamento dessas informações pessoais podem acarretar prejuízos significativos aos titulares dos dados, responsabilizando judicialmente as empresas em caso de falhas na segurança.
Obrigações das Empresas na Solicitação do CPF
A legislação de proteção de dados, em consonância com os princípios do direito do consumidor, estabelece diretrizes claras para a coleta e tratamento de dados pessoais. No contexto da solicitação de CPF desconto farmácias e outros estabelecimentos, as empresas possuem a obrigação de:
- Informar a finalidade: Detalhar de forma objetiva e acessível para qual propósito o CPF está sendo solicitado. A simples alegação de concessão de desconto pode não ser suficiente.
- Obter consentimento: Coletar o consentimento explícito do consumidor para o tratamento de seus dados, garantindo que a decisão seja livre, informada e inequívoca.
- Garantir a segurança: Implementar medidas técnicas e organizacionais adequadas para proteger os dados coletados contra acessos não autorizados, perdas ou vazamentos.
A ausência de informações claras ou a obtenção de consentimento viciado podem caracterizar prática abusiva, sujeitando as empresas às sanções previstas na legislação.
Direitos dos Consumidores e Vigilância Necessária
Os consumidores possuem o direito de serem informados de maneira transparente sobre o tratamento de seus dados pessoais e de consentir livremente com sua utilização. Diante da prática comum de solicitar CPF desconto farmácias, é fundamental que os consumidores questionem a finalidade da coleta e avaliem os potenciais riscos antes de fornecer a informação.
Órgãos de defesa do consumidor e autoridades competentes exercem um papel crucial na fiscalização dessas práticas, assegurando o cumprimento da legislação e a proteção dos direitos dos consumidores. A conscientização sobre os direitos e a vigilância ativa são ferramentas importantes para mitigar os riscos associados à coleta indiscriminada de dados pessoais.
Em suma, a solicitação de CPF em troca de descontos, embora não seja proibida, demanda das empresas total transparência quanto à finalidade do dado e a obtenção do consentimento explícito do consumidor, em observância aos princípios da proteção de dados e do direito do consumidor.
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