O mercado M&A Brasil sofre reflexos diretos das políticas protecionistas implementadas pelo governo Trump em 2025. A nova onda de barreiras comerciais e a ênfase no fortalecimento da economia doméstica norte-americana já geram efeitos visíveis nos investimentos estrangeiros. Um dos sinais mais claros disso é a queda de 12,6% nas fusões e aquisições internacionais no Brasil entre novembro de 2024 e novembro de 2023, conforme dados da TTR Data.
Com a desaceleração econômica nos Estados Unidos e Europa, somada à instabilidade política interna e à alta taxa de juros, o Brasil se torna um destino menos previsível para investidores externos. A percepção de risco aumenta, especialmente diante da possibilidade de revisão de acordos bilaterais e imposição de tarifas que podem impactar setores estratégicos.
Política externa dura, economia liberal: um paradoxo
Apesar do cenário desafiador, especialistas apontam para um paradoxo: uma economia americana mais liberal, com menos intervenção estatal, pode oferecer maior previsibilidade e segurança para investidores. Vanderlei Garcia Jr., sócio do VGJr Advogados, acredita que o apetite por fusões pode ser reduzido, mas não eliminado. “O interesse por diversificação global ainda existe. E setores como tecnologia, infraestrutura e energia podem continuar atraindo atenção”, avalia.
A tendência é que as operações de M&A se tornem mais sofisticadas. Em vez de aquisições diretas, devem ganhar espaço estruturas como joint ventures e acordos de licenciamento. Medidas como cláusulas de mitigação de risco regulatório e cambial devem ser mais frequentes nos contratos.
Portanto, o mercado M&A Brasil vive um momento de transição. Embora o protecionismo traga cautela, a busca por oportunidades estratégicas segue firme. Adaptar-se será essencial para atrair capital e manter a competitividade internacional.