Por Elisangela Andrade
Muitos advogados evitam falar com a imprensa, um fenômeno que se reflete em diversas áreas do Direito. Esse receio, muitas vezes, é resultado do medo de prejudicar casos em andamento, de sofrer represálias ou de violar o sigilo profissional. Além disso, a falta de preparo específico para lidar com jornalistas e a pressão por declarações precisas e juridicamente corretas também contribuem para essa relutância.
No entanto, a comunicação dos advogados com a mídia é fundamental, já que são eles os principais responsáveis por levar letramento jurídico ao público leigo. Ao explicar decisões judiciais, leis e procedimentos legais de maneira clara e acessível, ajudam a desmistificar o sistema jurídico, tornando-o mais compreensível para a população em geral. Isso é especialmente importante em momentos de grande atenção midiática sobre casos judiciais de alto impacto ou mudanças legislativas significativas, que alteram a vida cotidiana de pessoas, empresas e órgãos públicos.
Na Era das fake news, os advogados ainda desempenham um papel fundamental no esclarecimento de dúvidas, evitando ou mitigando a disseminação de informações errôneas, falsas ou colocadas fora de contexto. Isso pode prevenir a formação de julgamentos precipitados e combater a desinformação, promovendo um debate público mais eficiente e preciso.
A comunicação efetiva dos advogados nos veículos de comunicação também pode reforçar a confiança no judiciário. Ao apresentar perspectivas bem fundamentadas e explicações detalhadas sobre questões legais, os advogados demonstram o rigor e a seriedade do processo judicial, fortalecendo a percepção de justiça e imparcialidade.
Mais do que estar na mídia e torna-se conhecido como um profissional atuante e conhecedor em determinada área de atuação, trata-se de exercer a sua função social como profissional do direito, com responsabilidade e o compromisso de levar ao maior número de pessoas conteúdos relevantes, ajudando a disseminar o princípio da legalidade, conforme previsto na Constituição Federal, artigo 5º, inciso II, que diz: “Ninguém poderá ser obrigado a agir, fazer ou não fazer, sem que seja em virtude da lei”.
Aos advogados, vale lembrar o trecho do juramento que fizeram lá no dia da formatura, quando se comprometeram com o “aperfeiçoamento da cultura”, ou seja, com a disseminação da informação das leis e do direito.
Investir em media training e na contratação de uma assessoria de imprensa profissional auxilia na maturação dessa presença midiática, que deve ser estratégica. Aventurar-se em entrevistas sem o preparo necessário pode colocar em risco a reputação do advogado. Por outro lado, colocar-se à disposição como fonte de informação para os canais jornalísticos reforça a credibilidade e o conhecimento público de sua marca, além de contribuir para uma sociedade mais esclarecida.
*Elisangela Andrade é formada em Jornalismo desde 2000 e possui experiência de mais de 10 anos como assessora de imprensa. Também é formada em Direito, tendo atuado como advogada na área trabalhista. Possui pós-graduação em Advocacia Extrajudicial.