Afinal, o assessor de imprensa trabalha para o cliente ou para a imprensa?

Por Jonas Aguilar

O assessor de imprensa é a ponte entre o técnico e o jornalístico, levando temas estratégicos com timing e linguagem acessível

No universo da comunicação corporativa, especialmente no mercado jurídico cada vez mais competitivo, surge uma questão ética e estratégica: devo agradar o cliente ou preservar a relação com os jornalistas?

A resposta é: os dois. Mas não ao mesmo tempo e nem sempre do mesmo jeito.

O assessor é contratado pelo cliente, mas sua função não é fazer propaganda disfarçada. É construir reputação e gerar autoridade, e isso só é possível quando há credibilidade. Credibilidade esta que vem do outro lado da linha: o jornalista. E jornalista não publica porque alguém pediu com jeitinho. Publica porque a pauta é boa.

É aí que entra a sensibilidade do assessor. Saber dizer “não” a um pedido de pauta que não tem interesse jornalístico também é assessorar. Assim como é assessorar explicar ao cliente por que o release dele foi reescrito, por que a manchete saiu diferente ou por que a resposta ao repórter precisa ser objetiva, sem jargão técnico e com dados.

O bom assessor não “vende” releases – ele transforma informação em notícia. Mas ele não faz isso sozinho.

O cliente também faz parte dessa construção. É fundamental que o advogado (ou o especialista de qualquer área) entenda que pautas relevantes para a imprensa nem sempre são as mais complexas ou inéditas do ponto de vista técnico. Muitas vezes, o tema que ele considera básico ou “batido” é exatamente o que o noticiário precisa naquele momento – seja para explicar uma medida provisória, uma decisão judicial ou uma mudança regulatória.

Quando o assessor traz uma sugestão de pauta alinhada com o que está sendo discutido nos jornais, ele está promovendo o cliente de forma inteligente, no tempo certo e no tom que o público entende. O desafio é cultivar essa confiança e mostrar que presença na mídia exige mais do que conhecimento – exige timing e linguagem acessível.

O assessor que diz “sim” para tudo acaba não dizendo nada. E perde os dois lados: o cliente e a imprensa.

No fim das contas, o assessor trabalha para o cliente e para a imprensa, mas em benefício de algo maior: a construção de um espaço público de qualidade, onde empresas e instituições possam dialogar com clareza, consistência e responsabilidade.

E você, já teve que escolher entre agradar o cliente ou preservar o relacionamento com a imprensa? Como lidou com isso?

Jonas Aguilar, jornalista e assessor de imprensa da M2 Comunicação Jurídica.

Esta gostando do conteúdo? Compartilhe!

Abrir WhatsApp
Precisando de ajuda?
Olá, como podemos ajudar?